
Dia 7 – Domingo, 24/Set/2007
O dia começa para não variar cedo. Às 09h20 estamos de novo a conduzir. Falta-nos pouco mais de 400 km para o aeroporto, mas a folga para apanhar o avião não é assim tão grande. O avião sai às 17h30 e devemos estar no aeroporto entre 2 a 3h antes.
A viagem decorre sem imprevistos de maior (leia-se, sem multas por excesso de velocidade), mas com a seca previsível (viajar a uma velocidade tão estupidificante, a um Domingo de manhã, quase sem ninguém na estrada, é das coisas mais perigosas de se fazer, de tão displicente que a nossa condução se torna). Não há palavrões suficientes para descrever o que nos passa pela cabeça nestas alturas.
E pela 1ª vez desde que ganhei medo a andar de avião, dou por mim a hesitar bastante entre tornar a percorrer este tipo de distância de carro ou num avião, numa futura visita aos Estados Unidos do Absurdo...A viagem decorre sem imprevistos de maior (leia-se, sem multas por excesso de velocidade), mas com a seca previsível (viajar a uma velocidade tão estupidificante, a um Domingo de manhã, quase sem ninguém na estrada, é das coisas mais perigosas de se fazer, de tão displicente que a nossa condução se torna). Não há palavrões suficientes para descrever o que nos passa pela cabeça nestas alturas.
Passamos por Moscovo, mas não entramos. Fica para a próxima...
A chegar a N. I., passamos por Newark e por Nova Jersey. Dois subúrbios com aspecto disso mesmo. Ruas e prédios velhos, mal organizados paisagisticamente e com montes de postes de alta tensão a fazer sombra e poluição visual.
Perto das 13h “já” só estamos a 60 km do aeroporto, ou seja, à entrada de N. I., vindos no Norte. Mas só 3 horas depois (sem paragens) é que conseguimos chegar ao aeroporto.
Não entendemos porquê, mas ficámos a achar que todos os carros do mundo estavam a entrar em N. I. àquela hora e por aqueles mesmos acessos.
Para onde quer que olhássemos havia carros. Muitos carros. Muito parados e muito engarrafados. A tentar entrar em túneis muito velhos (passámos por dois: o de Lincoln e o de Queens), sem qualquer mecanismo de ventilação ou saídas de emergência visíveis, com duas faixas de rodagem apertadas e sem qualquer berma ou acesso de emergência, apesar de cada um deles ter vários quilómetros de extensão. Percebe-se bem que são obras bastante antigas, mas pouco coerentes com a realidade actual, em termos de segurança.
É só mais dos vários contra-sensos que trazemos na memória.
Fazemos o caminho todo de carro com GPS, isto é, nem sequer perdemos muito tempo a tentar descobrir o caminho. E mesmo assim chegámos ao aeroporto já uma hora depois daquela a que deveríamos ter chegado, por uma questão de tranquilidade mental, à conta dos engarrafamentos.
Boas(?) notícias: o nosso vôo atrasou-se 2h30, tem saída prevista para as 20h. Temos tempo para descomprimir do stress do trânsito e para comer algo decente pela 1ª vez numa semana.
É esmagadora a sensação de alívio que se tem ao comer um pedaço de fruta ou salada fresca pela 1ª vez numa série de dias, depois de passarmos o tempo a comer autênticas porcarias – se dissermos que a comida mais “saudável” que estes poços de contradições que banem o tabaco de todo o lado e a velocidade das auto-estradas comem com regularidade são fatias de pizza, acompanhadas de copos com um litro de capacidade de «Pepsi» e rematadas com chávenas imensas de café, se calhar ninguém acredita, mas nós estivemos lá para ver, para comer e para saber que infelizmente é verdade).
Passamos por uma série de avisos no controlo de segurança antes do embarque, em tabuletas ou nos balcões, com letras garrafais a dizer que não podemos levar connosco quaisquer objectos que produzam fogo (armas de fogo, fósforos ou isqueiros). No entanto, embarco com dois isqueiros: um dentro da mala que passa no aparelho de raio-X e outro na mão, que mostro ao segurança que me revista. Viva os contra-sensos.
Já na sala de embarque temos tempo para apreciar um carregamento de Amish a embarcar num avião para Tel Aviv. Antes do embarque do vôo deles, pelas 18h30, está uma carrada de malta daquela, todos vestidos de fato preto e camisa branca, com chapéu preto, agarrados à Tora, voltados para Meca, a sacudir-se para trás e para a frente, num exercício colectivo que suplanta em muito as sessões de tai-chi que os chineses fazem em grupo.
É digno de se ver. O efeito das madeixas de caracóis que saem de baixo dos chapéus, a esvoaçar naquele movimento pendular frenético é no mínimo impressionante. Aproximo-me deles para observar mais de perto, fingindo que vou ver o o jogo de futebol (americano) que passa num plasma ali ao pé. Rezam em voz alta. Aquilo deve dar cabo das costas e dos olhos, tanta leitura no meio de tanta oscilação...
Eu não percebo coisíssima nenhuma de religião. E também por isso mesmo e, pelo inesperado destas manifestações de fé e religiosidade, não consigo evitar escandalizar a Cristina com os comentários mais absurdos que me ocorrem, sobre o que estamos a ver - ela fica tão gira, quando incrédula abre muito os olhos, perante as barbaridades que sou capaz de dizer, sem perceber que proporção daqueles disparates é realmente o que penso e quanto é perfeito exagero, só para a arreliar.
E temos tempo também para pasmar outra vez.
É só mais dos vários contra-sensos que trazemos na memória.
Fazemos o caminho todo de carro com GPS, isto é, nem sequer perdemos muito tempo a tentar descobrir o caminho. E mesmo assim chegámos ao aeroporto já uma hora depois daquela a que deveríamos ter chegado, por uma questão de tranquilidade mental, à conta dos engarrafamentos.
Boas(?) notícias: o nosso vôo atrasou-se 2h30, tem saída prevista para as 20h. Temos tempo para descomprimir do stress do trânsito e para comer algo decente pela 1ª vez numa semana.
É esmagadora a sensação de alívio que se tem ao comer um pedaço de fruta ou salada fresca pela 1ª vez numa série de dias, depois de passarmos o tempo a comer autênticas porcarias – se dissermos que a comida mais “saudável” que estes poços de contradições que banem o tabaco de todo o lado e a velocidade das auto-estradas comem com regularidade são fatias de pizza, acompanhadas de copos com um litro de capacidade de «Pepsi» e rematadas com chávenas imensas de café, se calhar ninguém acredita, mas nós estivemos lá para ver, para comer e para saber que infelizmente é verdade).
Passamos por uma série de avisos no controlo de segurança antes do embarque, em tabuletas ou nos balcões, com letras garrafais a dizer que não podemos levar connosco quaisquer objectos que produzam fogo (armas de fogo, fósforos ou isqueiros). No entanto, embarco com dois isqueiros: um dentro da mala que passa no aparelho de raio-X e outro na mão, que mostro ao segurança que me revista. Viva os contra-sensos.
Já na sala de embarque temos tempo para apreciar um carregamento de Amish a embarcar num avião para Tel Aviv. Antes do embarque do vôo deles, pelas 18h30, está uma carrada de malta daquela, todos vestidos de fato preto e camisa branca, com chapéu preto, agarrados à Tora, voltados para Meca, a sacudir-se para trás e para a frente, num exercício colectivo que suplanta em muito as sessões de tai-chi que os chineses fazem em grupo.
É digno de se ver. O efeito das madeixas de caracóis que saem de baixo dos chapéus, a esvoaçar naquele movimento pendular frenético é no mínimo impressionante. Aproximo-me deles para observar mais de perto, fingindo que vou ver o o jogo de futebol (americano) que passa num plasma ali ao pé. Rezam em voz alta. Aquilo deve dar cabo das costas e dos olhos, tanta leitura no meio de tanta oscilação...
Eu não percebo coisíssima nenhuma de religião. E também por isso mesmo e, pelo inesperado destas manifestações de fé e religiosidade, não consigo evitar escandalizar a Cristina com os comentários mais absurdos que me ocorrem, sobre o que estamos a ver - ela fica tão gira, quando incrédula abre muito os olhos, perante as barbaridades que sou capaz de dizer, sem perceber que proporção daqueles disparates é realmente o que penso e quanto é perfeito exagero, só para a arreliar.
E temos tempo também para pasmar outra vez.
Na sala de embarque há uma poça de urina, presumivelmente com origem numa criancinha dos seus 3-4 anos, que lá está acompanhada pelo paizinho e pelo irmãozinho, mal ensopada com dois lenços de papel e, que apesar das queixas da Cristina no balcão do embarque, durante as quase 2 horas que lá passámos nunca foi limpa. Tal como as casas-de-banho, que não primavam pelo asseio. A empregada da limpeza também devia ser Amish e estar a caminho de Tel Aviv, com certeza...
Começamos finalmente a entrar no avião às 19h50. O embarque demora uma eternidade.
Desde que o avião se começa a mexer até que levanta vôo passa outra eternidade: para aí mais 30 minutos de seca, desta vez já dentro do avião, à espera de autorização para se fazer à pista.
Saímos de N. I. às 21h, sentados atrás de um casal que viaja com 3 crianças (uma delas recém-nascida) e cujo elemento masculino se volta para trás com ar incomodado, quando começo a usar 2 latas de «Pringles» para fazer batuque. É curioso como as pessoas se habituam à barulheira das crianças que levam ao colo, às costas e quase dentro das orelhas, mas um pormenor inesperado provoca reacções tão extemporâneas.
Começamos finalmente a entrar no avião às 19h50. O embarque demora uma eternidade.
Desde que o avião se começa a mexer até que levanta vôo passa outra eternidade: para aí mais 30 minutos de seca, desta vez já dentro do avião, à espera de autorização para se fazer à pista.
Saímos de N. I. às 21h, sentados atrás de um casal que viaja com 3 crianças (uma delas recém-nascida) e cujo elemento masculino se volta para trás com ar incomodado, quando começo a usar 2 latas de «Pringles» para fazer batuque. É curioso como as pessoas se habituam à barulheira das crianças que levam ao colo, às costas e quase dentro das orelhas, mas um pormenor inesperado provoca reacções tão extemporâneas.
Numa atitude infanto-reaccionária e em sinal de protesto, torno a fazer batuque, desta vez sem olhares ameaçadores.
Depois de meia-hora de vôo, a turbulência dentro do avião dá para amaciar bifes sem martelo. Meto o 2º calmante no bucho enquanto o Comandante anuncia que não há motivo para alarme, o avião aguenta aquilo e muito mais, afinal «this thing is built like a tank». Linguagem técnica, própria para momentos de crise...
Dormimos pouco e desconfortáveis.
Depois de meia-hora de vôo, a turbulência dentro do avião dá para amaciar bifes sem martelo. Meto o 2º calmante no bucho enquanto o Comandante anuncia que não há motivo para alarme, o avião aguenta aquilo e muito mais, afinal «this thing is built like a tank». Linguagem técnica, própria para momentos de crise...
Dormimos pouco e desconfortáveis.
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