quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Nova Iorque para turistas - II


Dia 2: Terça-feira, 18/Set/2007

O dia começou às 8h00 com a disputa pela casa-de-banho para o duche da manhã. Inesperadamente, não houve grande concorrência e o duche foi pacífico. Quer dizer, quase. Para que a água saia do duche e não da torneira mais baixa, para o banho de imersão, há um truque que só viríamos a descobrir no 3º dia cá. Os nossos primeiros duches foram tomados de cócoras, recolhendo água nas mãos juntas em forma de concha e salpicando-a para as costas e arredores.
Sentimo-nos ainda assim confiantes.
Conferência da Cristina. Descobrir a escola onde decorre. Deixá-la lá. Passear um bocado.
Descubro que os preços dos computadores portáteis por cá é bastante convidativo e começo a pensar em comprar um para o meu pai.
O barulho nas ruas é impressionante. E normalmente começa às 5 da manhã.
À hora do almoço busco refúgio dentro de uma megastore da Virgin, onde a música toca em altos berros. E mesmo assim, aquele parece um lugar tão sossegado...
Volto ao hotel, onde com o nosso computador portátil começo a ver e-mails «free riding» na internet sem fios de um vizinho qualquer que a tinha desprotegida.
A páginas tantas, o vizinho percebe que alguém anda a navegar à custa dele e começa a negar o acesso ao nosso computador. Tento algumas manobras de diversão, com pouco sucesso.
Desisto de o tentar aldrabar e dedico-me a trabalhar num relatório que tinha trazido para fazer cá. Quase meia frase depois, desisto de trabalhar e torno a ir para a rua.
Tento perceber onde posso ver o jogo do Benfica com o A. C. Milan, que cá começa às 14h45. Sem grande sucesso. Tirando o baseball e o futebol americano, todos os outros desportos são um grande desconhecido, para esta pouco ilustre rapaziada.
Vou almoçar a um restaurante aqui perto do hotel, que está repleto de plasmas nas paredes, a passar programas de desporto e jogos (futebol americano, claro).
A empregada pergunta-me com um grande sorriso plástico como me chamo e diz que se chama Tanya. Quando tento dizer-lhe que esse é um nome comum, em terras latinas, a colega dela até então calada e sossegada no canto dela, lança-me um olhar “fura-paredes” e responde que isso é um nome russo! A Tanya, chegada na véspera da Virginia, diz que recebeu esse nome porque havia uma cantora de música country de que os pais gostavam muito, chamada Tanya qualquer coisa e as duas concluem que afinal é um nome tipicamente americano... Deixo-as “ficar com a bicicleta”, eu queria mesmo era almoçar qualquer coisa e perceber se ali conseguia ver a bola.
A Tanya diz que até podia fazer um bocado de zapping para ver se descobria o jogo num canal qualquer, mas como só começou a trabalhar ali nesse dia, não sabe onde está o comando...
A colega, já recomposta, diz que um bar, na esquina da 10ª rua com a 3ª avenida, onde ela tinha estado na noite anterior, tinha uma data de écrans de TV a passar jogos de futebol.
Às 14h45 os plasmas do bar continuam a passar futebol americano e eu meto-me num táxi para o tal oásis do «soccer». Sou conduzido por um negro, nos seus cinquenta anos, que falava um dialecto com algumas semelhanças com o Inglês, mas que só ele compreendia. 90 % da conversa que ele teve durante o caminho só foi percebida por ele (ou talvez nem isso). Fui respondendo «yeah» quando achava que ele estava à espera que eu dissesse qualquer coisa. Resultou. Deixou-me no sítio certo, 15 minutos depois.
Casa cheia. 10 plasmas e um projector, a passar os jogos da Taça dos Campeões. Uma data de italianos em pé a falar à maneira deles, isto é, a gritar.
O jogo do Benfica só passa num dos plasmas e as imagens são recebidas por satélite. Chego aos 26 minutos da 1ª parte e o resultado já era de 2-0 para o Milão. A recepção do satélite era pior que má. Havia de 30 segundos a 1 minuto de recepção e depois de 3 a 10 minutos sem qualquer sinal.
Fui-me entretendo a ver o jogo do Chelsea (o jogo do Porto não estava a ser transmitido). Só vi o 2º golo do Milão, numa das repetições que fizeram quando o Inzaghi foi substituído.
Regresso ao hotel mais morto que vivo, porque estive o tempo todo de pé, além do que já tinha andado durante a manhã.
Entretanto a Cristina saiu da conferência e encontrámo-nos no hotel.
Vamos jantar com o grupo da conferência num sítio muito chic e pouco dado a cigarradas. A comida é boa e a companhia também. Depois do jantar, fomos passear um bocado.
Broadway. Times Square. Empire State Building.
A subida ao Empire State Building, orientada por quase um milhão de empregados com cara de frete teve alguma piada. A vista tem interesse pela imensidão do que se consegue ver lá de cima. O número de arranha-céus e luzes é exactamente o que se esperava: são para lá de bué! A visita é complementada por uma gravação de audio, em que um caramelo vai contando algumas histórias e descrevendo o cenário que se vê lá de cima.
Descemos novamente ao nível do solo e voltamos ao hotel. Neste passeio de 2 horas e meia, faz-se para aí 8 km a pé. Regressamos ao hotel com as minhas virilhas completamente assadas de tanto andar. Tomo banho ainda de cócoras e besunto-me com creme hidratante até quase desmaiar. Tentamos pôr-nos a par dos e-mails, tanto quanto o vizinho permite e adormecemos sem grandes euforias, mas com a esperança de que amanhã tudo será melhor.

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