domingo, 30 de setembro de 2007

macaco gosta de banana e eu gosto de ti


Apenas por que somos um blog chic, in, moderno, sei lá, quiçá muito bem...

«This one goes out...»


«... to the one I love!» ;)

«Where is my mind?»


Odeio estupidificar com a TV.

Vegetar em frente a jogos de futebol cujo resultado não me agrada, filmes de qualidade no mínimo duvidosa e os restantes programas que me aborrecem.

Contudo, é cada vez mais isso que acontece quando acendo a televisão.

É um facto que distrai. Mas não é menos verdade que o que de positivo se extrai daquele conjunto de componentes electrónicos é cada vez mais raro.

E, por alguma razão que me transcende, dou por mim a dispender cada vez mais tempo em frente da caixa que embruteceu o mundo...

Tenho vontade de apagar a TV e fazer qualquer coisa produtiva.

Mas o marasmo instala-se rapidamente, sobretudo se a Divina Trindade (maço de cigarros, cinzeiro e copo de whisky) estiver mesmo «à mão de semear» e sucumbo aos 24 fotogramas por segundo por uma imensidão de tempo que podia perfeitamente ser passado a fazer algo de útil.

A lista de coisas que tenho para fazer nunca mais acaba. Mas também nunca mais começa, não só por culpa da televisão, mas em grande parte por causa daquele aparelho que se apodera da nossa alma enquanto o Diabo esfrega um olho. Numa perspectiva de «here we are now, entertain us»...

Longe vão os tempos em que não perdia tempo a exercitar-me no controlo remoto e em que era bem mais feliz...

O meu tempo é tão melhor aproveitado quando ponho a "Radar" no on, a TV no off e ligo o computador. Quer dizer, quase sempre...

Hoje, por exemplo, estive de volta do Linux mais um bocado.

Sinceramente, aquilo começa a fazer-me sentir um dinossauro, sem pachorra para "rpm"s e "apt-get"s e uma data de instruções dadas em linha de comando, versus o tão prático e quotidiano "duplo-clique".

Se é suposto aquilo substituir o famigerado Windows (e eu sou o 1º a alinhar numa qualquer Cruzada contra a Microsoft), não seria igualmente suposto ser tão ou mais simples de usar?!?!?!?!?!...

Seja qual for a distribuição ("Fedora", "Ubuntu", "Xubuntu", "Kubuntu", ou "O-Caralhunto-Que-O-Foduntu") tentar instalar ou desinstalar programas, que é das operações mais essenciais para quem usa / configura um computador, facilmente desmotiva qualquer um! Já para não falar da aventura que é instalar hardware que não é automaticamente reconhecido pelo sistema operativo...

Fo**-**!!! Sinto-me um perfeito imbecil, embaraçosamente ultrapassado por uma máquina que de inteligente não tem nada, mas que insiste em levar-me a melhor de cada vez que acho que vou (finalmente) conseguir fazer o que quero.

E o resultado está à vista: mais 3 horas passadas em frente à TV para não pensar mais naquela porra, depois de uma data de tempo de tentativas frustradas...

Eu sei que sou teimoso o suficiente para continuar a marrar com o Linux até conseguir pôr aquela bodega a funcionar em condições, mas também graças à "Caixa de Pandora com circuitos integrados", acho que ainda vai demorar mais do que eu pensava.

Fica aqui o protesto, contra a pouco intuitiva utilização do Linux e a demasiado user friendly utilização do controlo remoto da TV, enquanto chove cats and dogs lá fora e Pixies cá dentro de casa e eu adio a minha inevitável ida para a cama.

Que é como quem diz, enquanto ponho o dia de amanhã, a véspera da sempre trágica Segunda-Feira, on hold... :(

«With your feet on the air and your head on the ground,
try this trick and spin it, yeah!
Your head will collapse and there's nothing in it
and you'll ask yourself:
"Where is my mind?"
"Where is my mind?"
"Wheeeeeere is my mind?"

(...)
Uh-uuuuuh!...»


quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Que se foda o Peter Pan

Que se foda o Peter Pan!

Hoje em dia somos quase todos Peter Pan's. Tal como este cartaz do filme (onde o protagonista é desempenhado por uma mulher) somo todos meio abichanados. Sofremos do sindroma de criança, de querermos ser jovens, parecer jovens e comportarmo-nos como jovens.

Que sentido faz aos 30 e muitos fazermos idiotices dos 18 anos? Que sentido faz preocuparmo-nos mais com o espelho do que com a mesa? Que sentido faz nao querer responsabilidades e mesmo assim reclamar que o salario é baixo? Que sentido faz querermos ver as series do antigamente e jogar os joguinhos de computador?

Sinceramente se apanhar o Peter Pan por aí sei que vou ver um gajo de meia idade, bebedo, pedofilo, solitário, onde a maior dose de gozo deriva de ver um filme semi-porno a comer um super menu mac a beber uma litrosa de casal da eira branco fresquinho.

Por mim vou-me tornar num homem rude do campo. Ao menos ganho um aspecto masculo que nao tenho, nao penso muito na vida logo nao me preocupo muito, e nao me importo com os abdominais salientes pra frente e pros lados, tenho uma horde de putos e nem tenho tempo para pensar em mim.

Este post está um nojo, mas também isso nao interessa nada.

A única coisa que interessa é que se não pararmos de olhar para trás e de pensar no que está para a frente, nunca iremos ver verdadeiramente o que podemos ter agora.

Como diz o outro, que neste caso sou eu, nem sei o que dizer...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Viagens transatlânticas para turistas - I



Dia 8 – Segunda-feira, 24/Set/2007

A Cristina acorda antes de mim e, pouco antes da aterragem, vê que os putos do casal que viajava à nossa frente estão a dormir deitados no corredor do avião. Quando uma das hospedeiras tenta passar, há novo momento de elevação espiritual a bordo: a mãezinha indignada diz-lhe para ter cuidado, porque «there's stuff in the way»! 'Tá visto que aquelas 2 almas foram feitas uma p'rá outra...
A chegada a Londres, inicialmente prevista para as 06h acaba por só acontecer às 09h10, mesmo tendo o avião demorado menos uma hora de caminho face ao que era previsto.
Antes de sair do avião e porque somos dos últimos a desembarcar, entretenho-me a arrebanhar dois cobertores daqueles que eles vendem aos passageiros, para ocasiões futuras e para exercitar o meu lado cleptomaníaco, perante o olhar novamente esbugalhado da minha mulher e condescendente das hospedeiras. Foi mais forte que eu...
A Cristina, com uma reunião marcada para as 11h em Milton Keynes, está completamente desesperada e com a certeza de que nem vai chegar a horas à reunião, nem vamos ter tempo sequer para nos despedirmos com calma.
Recolhemos a bagagem de porão e separamo-nos à pressa.
Ela apanha o comboio para Milton Keynes. Eu fico no aeroporto a fazer tempo para apanhar o vôo de regresso a Lisboa. Atiro-me a um café com leite que redefiniu o sentido da palavra “amargo”, enquanto fumo dois cigarros à porta do aeroporto para matar o vício do vôo anterior e amortecer o impacto do seguinte.
Chove, mas o céu clareia ao fim de um bocadinho.
Vou sentar-me dentro do aeroporto, renunciando voluntariamente a fumar até à hora do embarque, porque mal me aguentava de pé. Não demorou muito a arrepender-me de não poder fumar, mas lá me resignei: os procedimentos para tornar a entrar desencorajam qualquer um.
Em Londres tive de deixar um dos isqueiros, no controlo da segurança. E, ironia das ironias, já no caminho para o avião pude ouvir os alarmes de incêndio do aeroporto, na ala por onde circulava (que não é nada curta, porque dá acesso a uma porrada de salas de embarque) a tocar alto e bom som, mas sem que por isso tivesse havido evacuação daquela ala, atrasos ou acessos bloqueados... Viva a descontracção dos “donos do fogo”.
O avião para Lisboa saiu mais ou menos a horas e nem teve percalços dignos de registo. Poderia ter sido um tédio, não fosse ser isso mesmo o que eu queria - paz e sossego dentro de um avião, para variar. Deu para escrever a maior parte destas baboseiras.
Já ao final de um dia agitado de reuniões, preparativos para o trabalho dos dias atarefados que se seguem e viagens de comboio para a frente e para trás entre Londres e Milton Keynes e, mesmo para acabar em beleza, o carro da Cristina decidiu que tinha de demorar 5 minutos a reconhecer o controlo remoto, para desligar o alarme e abrir as portas.
O dia nunca mais acaba. Estamos os dois exaustos, em países diferentes.
Foram 7 dias a dormir muito pouco, muito à pressa, a andar que nem uns loucos, a comer mal, rodeados de barulho (e trânsito nos últimos dias), com um jet-lag particularmente nefasto no regresso à Europa.
Mas valeu a pena.
O absurdo que foi tomarmos banho de cócoras nos primeiros 2 dias em N. I..
A noite com o Charles Kelly.
As Cataratas do Niagara,
Os Rápidos do rio Niagara.
A cara da Cristina, enquanto eu comentava as rezas dos Amish.
Os episódios todos no mínimo peculiares que vivemos ou presenciámos.
E por que não, até as dores descomunais nos nossos pés, fizeram a viagem valer a pena.
Já para não falar de outras coisas que não vou aqui relatar, porque são demasiado privadas, demasiado nossas (e nem sequer estou a falar de cenas hardcore).
Agora, estamos de regresso à tranquilidade(?) do lar.
Eu estou a pôr roupa a lavar / estender enquanto escrevo. Seria o orgulho da minha mulher da pachorra infinita, não fosse eu estar a usar o programa mais rápido da máquina, que ela tanto abomina.
A Cristina está bem pior que eu: ainda vai a meio do dia dela, para começar novamente cedo amanhã, desta vez na casa “nova” em Londres e seguir para uma jornada de 3 dias de trabalho em Cambridge.
Não sei bem como / se conseguiremos acordar amanhã.
Qualquer dia ganhamos coragem e embarcamos noutra viagem parecida.
Cá estaremos para a ir relatando. Talvez sirva de inspiração (ou aviso) para quem nos lê... :)

Nova Iorque para turistas - VI



Dia 7 – Domingo, 24/Set/2007

O dia começa para não variar cedo. Às 09h20 estamos de novo a conduzir. Falta-nos pouco mais de 400 km para o aeroporto, mas a folga para apanhar o avião não é assim tão grande. O avião sai às 17h30 e devemos estar no aeroporto entre 2 a 3h antes.
A viagem decorre sem imprevistos de maior (leia-se, sem multas por excesso de velocidade), mas com a seca previsível (viajar a uma velocidade tão estupidificante, a um Domingo de manhã, quase sem ninguém na estrada, é das coisas mais perigosas de se fazer, de tão displicente que a nossa condução se torna). Não há palavrões suficientes para descrever o que nos passa pela cabeça nestas alturas.
E pela 1ª vez desde que ganhei medo a andar de avião, dou por mim a hesitar bastante entre tornar a percorrer este tipo de distância de carro ou num avião, numa futura visita aos Estados Unidos do Absurdo...
Passamos por Moscovo, mas não entramos. Fica para a próxima...
A chegar a N. I., passamos por Newark e por Nova Jersey. Dois subúrbios com aspecto disso mesmo. Ruas e prédios velhos, mal organizados paisagisticamente e com montes de postes de alta tensão a fazer sombra e poluição visual.
Perto das 13h “já” só estamos a 60 km do aeroporto, ou seja, à entrada de N. I., vindos no Norte. Mas só 3 horas depois (sem paragens) é que conseguimos chegar ao aeroporto.
Não entendemos porquê, mas ficámos a achar que todos os carros do mundo estavam a entrar em N. I. àquela hora e por aqueles mesmos acessos.
Para onde quer que olhássemos havia carros. Muitos carros. Muito parados e muito engarrafados. A tentar entrar em túneis muito velhos (passámos por dois: o de Lincoln e o de Queens), sem qualquer mecanismo de ventilação ou saídas de emergência visíveis, com duas faixas de rodagem apertadas e sem qualquer berma ou acesso de emergência, apesar de cada um deles ter vários quilómetros de extensão. Percebe-se bem que são obras bastante antigas, mas pouco coerentes com a realidade actual, em termos de segurança.
É só mais dos vários contra-sensos que trazemos na memória.
Fazemos o caminho todo de carro com GPS, isto é, nem sequer perdemos muito tempo a tentar descobrir o caminho. E mesmo assim chegámos ao aeroporto já uma hora depois daquela a que deveríamos ter chegado, por uma questão de tranquilidade mental, à conta dos engarrafamentos.
Boas(?) notícias: o nosso vôo atrasou-se 2h30, tem saída prevista para as 20h. Temos tempo para descomprimir do stress do trânsito e para comer algo decente pela 1ª vez numa semana.
É esmagadora a sensação de alívio que se tem ao comer um pedaço de fruta ou salada fresca pela 1ª vez numa série de dias, depois de passarmos o tempo a comer autênticas porcarias – se dissermos que a comida mais “saudável” que estes poços de contradições que banem o tabaco de todo o lado e a velocidade das auto-estradas comem com regularidade são fatias de pizza, acompanhadas de copos com um litro de capacidade de «Pepsi» e rematadas com chávenas imensas de café, se calhar ninguém acredita, mas nós estivemos lá para ver, para comer e para saber que infelizmente é verdade).
Passamos por uma série de avisos no controlo de segurança antes do embarque, em tabuletas ou nos balcões, com letras garrafais a dizer que não podemos levar connosco quaisquer objectos que produzam fogo (armas de fogo, fósforos ou isqueiros). No entanto, embarco com dois isqueiros: um dentro da mala que passa no aparelho de raio-X e outro na mão, que mostro ao segurança que me revista. Viva os contra-sensos.
Já na sala de embarque temos tempo para apreciar um carregamento de Amish a embarcar num avião para Tel Aviv. Antes do embarque do vôo deles, pelas 18h30, está uma carrada de malta daquela, todos vestidos de fato preto e camisa branca, com chapéu preto, agarrados à Tora, voltados para Meca, a sacudir-se para trás e para a frente, num exercício colectivo que suplanta em muito as sessões de tai-chi que os chineses fazem em grupo.
É digno de se ver. O efeito das madeixas de caracóis que saem de baixo dos chapéus, a esvoaçar naquele movimento pendular frenético é no mínimo impressionante. Aproximo-me deles para observar mais de perto, fingindo que vou ver o o jogo de futebol (americano) que passa num plasma ali ao pé. Rezam em voz alta. Aquilo deve dar cabo das costas e dos olhos, tanta leitura no meio de tanta oscilação...
Eu não percebo coisíssima nenhuma de religião. E também por isso mesmo e, pelo inesperado destas manifestações de fé e religiosidade, não consigo evitar escandalizar a Cristina com os comentários mais absurdos que me ocorrem, sobre o que estamos a ver - ela fica tão gira, quando incrédula abre muito os olhos, perante as barbaridades que sou capaz de dizer, sem perceber que proporção daqueles disparates é realmente o que penso e quanto é perfeito exagero, só para a arreliar.
E temos tempo também para pasmar outra vez.
Na sala de embarque há uma poça de urina, presumivelmente com origem numa criancinha dos seus 3-4 anos, que lá está acompanhada pelo paizinho e pelo irmãozinho, mal ensopada com dois lenços de papel e, que apesar das queixas da Cristina no balcão do embarque, durante as quase 2 horas que lá passámos nunca foi limpa. Tal como as casas-de-banho, que não primavam pelo asseio. A empregada da limpeza também devia ser Amish e estar a caminho de Tel Aviv, com certeza...
Começamos finalmente a entrar no avião às 19h50. O embarque demora uma eternidade.
Desde que o avião se começa a mexer até que levanta vôo passa outra eternidade: para aí mais 30 minutos de seca, desta vez já dentro do avião, à espera de autorização para se fazer à pista.
Saímos de N. I. às 21h, sentados atrás de um casal que viaja com 3 crianças (uma delas recém-nascida) e cujo elemento masculino se volta para trás com ar incomodado, quando começo a usar 2 latas de «Pringles» para fazer batuque. É curioso como as pessoas se habituam à barulheira das crianças que levam ao colo, às costas e quase dentro das orelhas, mas um pormenor inesperado provoca reacções tão extemporâneas.
Numa atitude infanto-reaccionária e em sinal de protesto, torno a fazer batuque, desta vez sem olhares ameaçadores.
Depois de meia-hora de vôo, a turbulência dentro do avião dá para amaciar bifes sem martelo. Meto o 2º calmante no bucho enquanto o Comandante anuncia que não há motivo para alarme, o avião aguenta aquilo e muito mais, afinal «this thing is built like a tank». Linguagem técnica, própria para momentos de crise...
Dormimos pouco e desconfortáveis.

Cataratas do Niagara para turistas - I



Dia 6 – Sábado, 23/Set/2007

Saímos de manhã do hotel em busca de natureza e quedas de água.
Encontrámos um autêntico circo montado em torno das famosas Cataratas.
Bares com música muito rasca e muito alta, um sem número de casas de diversões (a casa dos horrores; o museu de cera das celebridades de Hollywood; o museu dos criminosos mais famosos; a mansão do Frankenstein; o castelo do Drácula; o museu da Marvel; a roda gigante; a torre do King-Kong; salões de jogos electrónicos) – há barulho e luzinhas a piscar de todos os feitios e para todos os (des)gostos!
As principais cadeias de hotéis estão lá implantadas (Marriott; Hilton; Sheraton), há casinos (DOIS!) e cadeias de restaurantes (McDonald's; Planet Hollywood; Hard Rock Café) em quantidade e concentração suficiente para fazer inveja a Las Vegas ou a Benidorm no pico do Verão.
Gente de todos os cantos do Mundo. Barulhentos. Desorganizados. Para parecer ainda mais a "Ovibeja" só faltou mesmo a barraca das farturas. Ou talvez não a tenhamos procurado o suficiente...
No meio de tanto alarido, as Cataratas quase são remetidas para um plano secundário.
Fizemos a viagem de barco à base das Cataratas («Maid of the Mist») com uns impermeáveis azuis e a visita aos túneis por trás da queda de água do lado canadiano («Horseshoe»), agora com impermeáveis amarelos. Vimos os Rápidos do rio Niagara um pouco mais abaixo (para esta visita não nos dão impermeáveis).
Entrámos num cinema «IMAX» para ver um filme completamente incompleto sobre as Cataratas. À saída, há um mini-museu (esse sim, a valer a pena a visita) onde são relatadas as tentativas feitas por alguns destemidos e alguns insconscientes ao longo dos anos para sobreviver às quedas de água e à passagem pelos Rápidos (de categoria 6 – esta classificação para Rápidos significa que quem lá entra está certamente arriscar a vida) dentro de barcos improvisados, barris, ou antigas minas da Marinha.
Jantamos uma pizza monstruosa (supostamente uma dose individual...), que dividimos entre os dois e ainda sobra um terço que pedimos para embrulhar, para o almoço do dia seguinte. Os altifalantes do restaurante gritam a plenos pulmões uma cover espanhola de «I will survive» da Gloria Gaynour, que a faria dar muitas voltas no caixão...
Subimos à torre mais alta lá do sítio («Skylon») para ter a vista panorâmica da cidade. Estamos rodeados de néon por todos os lados. Fugimos de todas as restantes atracções turísticas.
E menos de 24 horas depois da nossa chegada ao Canadá estávamos a caminho de volta a Nova Iorque para devolver o carro e apanhar o avião para Londres, com poucas saudades da maior parte das coisas que lá tínhamos visto.
O dia acabou perto da 01h, num motel já em terras americanas, em que conseguimos alojamento por um preço razoável e ainda por cima, num quarto para fumadores (afinal, ainda há esperança para aquele povo com medo dos comunistas e dos cigarros).
Mas ainda estamos a 430 km de N. I..
Desta vez havia internet, mas cada vez tínhamos menos energia para "internetar"...

Nova Iorque para turistas - V



Dia 5 – Sexta-feira, 22/Set/2007

Saímos do hotel uma hora depois do previsto. Temos de ir ao aeroporto buscar um carro que alugámos, para irmos às Cataratas do Niagara. Começamos por apanhar o Metro errado e temos de trocar. Uma hora depois de entrarmos no Metro, estamos de volta à estação onde entrámos, mas desta vez no comboio certo. Que demora mais uma hora a pôr-nos no aeroporto...
De carro voltamos a passar pela zona de onde tínhamos saído. Isto é, ao fim de 3 horas na rua, estamos de volta ao ponto de partida, mas desta vez de carro e a caminho do Canadá.
A passagem pela 1ª portagem é digna de registo!
Não temos dinheiro vivo e só se paga com cash ou com um identificador estilo “ViaVerde”. O Cartão de Crédito, considerado um bem de 1ª necessidade nos E. U. A., ali é visto como uma modernice subversiva dos comunistas...
Os portageiros compadecem-se da nossa ingenuidade e deixam-nos fazer inversão de marcha em plena praça de portagens, para irmos levantar carcanhol a uma caixa MultiBanco.
Seguimos viagem, com mais dinheiro a bordo que o "Fort Knox", não fossem as portagens seguintes serem iguais.
As auto-estradas americanas são uma experiência única. Não são melhores que as nossas em termos de pavimento, traçado ou sinalização. Não têm tantas estações de serviço. Mas são ainda assim mais baratas em termos de portagens. Em compensação, são infinitamente mais chatas de se fazer. O limite máximo de velocidade que encontrámos durante esta viagem de cerca de 1.400 km foi 65 mph – sensivelmente 120 km/h. Cerca de um terço do trajecto é feito em zonas em que o limite de velocidade varia entre as 45 mph (em zonas de obras) e as 55 mph (100 km/h, em números redondos).
Os carros têm transmissão automática – um atrofio para conseguir acelerar e um exagero para gastar gasolina. Mas conduzir com cruise control dá um jeitaço bestial para descansar o pé direito, nestas viagens que nunca mais têm fim à vista.
Com duas paragens rápidas pelo caminho para comer qualquer coisa, demorámos cerca de 11 horas até ao Canadá (para fazer 700 km).
E apanhámos uma multa por excesso de velocidade no caminho. A cerca de 35 milhas do destino, quando seguíamos num grupo de 3 ou 4 condutores inconscientes, circulando todos sensivelmente a 80 mph (140 km/h em medida de gente), apareceu-nos a meio da noite um carro da Polícia, que na melhor tradição hollywoodesca saíu do seu esconderijo estratégico na berma da estrada, para acender as sirenes atrás de nós e nos mandar parar, para nos presentear com um speeeding ticket. Seguíamos à infâme velocidade de 81 mph e tivemos o que merecíamos! Na noite do dia seguinte haveríamos de observar o mesmo modus operandi aplicado a 2 outros incautos condutores, que se atreveram a desafiar os limites de velocidade do do Estado de Nova Iorque...
Não sabemos ainda de quanto será a multa. Deram-nos um questionário para preencher e devolver por correio à Polícia do Estado de Nova Iorque. Depis de devolvido o questionário hão-de nos escrever a dizer de quanto é a multa que temos de pagar. Não sei bem porquê, mas palpita-me que este questionário se vai “extraviar” ainda antes de o enviarmos à Polícia...
Chegamos ao Canadá perto da meia-noite.
O hotel é muito rústico e tem montes de charme. O recepcionista faz lembrar o Benny Hill, com um capacho moreno e uma devoção quase religiosa às Cataratas.
Conseguimos uma ligação irregular à internet sem fios no hotel. Mas chegámos demasiado estafados para escrever fosse o que fosse (este texto só seria escrito no avião, entre Londres e Lisboa).

Perdi um destes

Perdi um destes.

Logo já nao tenho os vossos contactos.

Por favor enviem-mos por mail.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Nova Iorque para turistas - IV


Dia 4: Quarta-feira, 20/Set/2007

A ideia de comprar o computador portátil é descartada.
Os meus pés continuam mortos para o mundo.
Deixo a Cristina na conferência e começo a procurar uns sapatos que me permitam andar.
Na 1ª loja que encontro sou atendido por um israelita porreiríssimo (Yoel) que não me arranja uns sapatos fixes, mas em vez disso compro dois pares de Levi's, por 66 dólares no total. Acho que foi um bom negócio. Primeiro ele achou que eu vestia o tamanho 32. Sabendo que estou gordo que nem um texugo, respondi que o 34 era mais plausível. Deu-me um 33 para experimentar, um bocado contrariado, mas numa perspectiva de acharmos o "meio-termo". Descobrimos, para surpresa dele e minha, que afinal o tamanho que me deixava respirar sem ficar roxo era o 36!
Concluo que comparados comigo, até os texugos passam por modelos anorécticas...
Noutra loja ali ao lado encontro uns ténis confortáveis. Saio 59 dólares mais teso mas ainda assim dei por bem empregue o dinheiro quando calcei os sapatos.
Passo por um café a caminho do hotel para comprar um capuccino e decido começar a escrever estas crónicas para a posteridade.
O plano por esta hora (12h) é ao final do dia passearmos no Central Park de bicicleta, irmos ao Harlem assistir a uma sessão de Gospel e depois ver um espectáculo de jazz ainda por lá.
Parece-me ambição a mais para dois bípedes totalmente arruinados dos joelhos para baixo, mas dada a infinita capacidade da Cristina para aturar o meu mau-humor, acredito que tudo é possível.
Quando a Cristina regressa da conferência, já a meio da tarde, apanhamos o Metro para o Central Park, linha 1.
Uma vez lá chegados comemos uma bucha.
Não achámos o estaminé de aluguer de bicicletas e decidimos atravessar o Central Park a pé em direcção ao Norte.
Já no Harlem, procuramos a igreja presbitariana em que era suposto actuar o “Harlem Gospel Choir”. Para complicar, o papel em que tínhamos escrito as instruções para lá chegar ficou esquecido no hotel...
Perguntamos a algumas pessoas.
Poucas pessoas sabem do que estamos a falar, mas muitos se oferecem para nos dar indicações (uma delas, uma senhora que estava a empurrar um carrinho de bebé, agarra no telemóvel e liga para alguém a perguntar onde ficava o que procurávamos!), enquanto outra vem ter connosco, apresenta-se, pede-nos um cigarro e diz-nos onde ficava o clube de jazz que procurávamos. Muito fixe a hospitalidade que encontrámos no Harlem, contra tudo o que eu poderia prever.
Achamos, depois de muito deambular, a "St. Mary's Presbytarian Church" e entramos.
Há um coro de Gospel a cantar. Um punhado de gente dispersa nos bancos a assistir.
Sentamo-nos num dos bancos mais atrás a ver e, ainda os nossos lugares não estavam quentes, já uma senhora, nos seus 60s, com um ar cadavérico nos vem oferecer um CD e uns papéis.
Pergunto-lhe se estamos no sítio certo, depois de explicar o que procurávamos e ela, sem grande certeza de que lá estivéssemos de facto, conclui com «I'm not sure this is what you were looking for, but if you stay a while, you might not regret having come here...».
Visto que não há como “desmontar” este tipo de raciocínio, ficamos a ver o espectáculo.
E porque de facto «Deus escreve direito por linhas tortas», acho nem ela própria sabia o quão certa estava...
Esta é uma boa altura para fazer aqui um parêntesis: eu sou o ateu convicto, que apenas se esquece de o ser quando está num avião e pede a essa força misteriosa a que se convencionou chamar Deus, que tome conta daqueles a quem quero bem no caso de alguma coisa correr mal, antes de o avião sair da pista. E de repente, dou por mim numa igreja(!!!), a ouvir uma data de malta escurinha e rechonchuda a cantar músicas religiosas.
Com o estado de espírito mais catatónico que alguém possa imaginar...
E eis senão quando, após os cânticos de Gospel, entram em cena uma série de pessoas já entradotas, cada uma com um aspecto mais peculiar (to say the least) que a outra, para representar uma peça de teatro amador, acompanhados ao piano e ao violino por um casal de caramelos com um ar completamente alienado pela religião (não há palavras para descrever o ar mumificado daquele par de jarras, pareciam saídos dum filme do Lars von Trier)...
Ele tão tímido que só lhe faltou pedir desculpa por existir. Ela com uma voz esganiçada como eu nunca pensei ser possível.
Tem início a peça.
Uma alegoria sobre meia-dúzia de desconhecidos uns dos outros, que de repente se vêem rodeados de água e concluem que para construir um barco e safar-se da inundação, têm de trabalhar em conjunto. Há toda uma moral com final feliz implícita, estilo conto para crianças, como convém.
15 minutos depois acabou a peça.
E eu estava para lá de overwhelmed, capaz de os ir abraçar a todos e agradecer o espectáculo. E não resisti a ir felicitar alguns deles.
O mais irónico é que este espectáculo teve lugar na "St. Mary's Presbytarian Church", que fica na esquina da Broadway com a rua 114 se não me falha a memória. Garanto que este espectáculo, perfeitamente amador, na Broadway, suplantou em muito qualquer mega-produção, musical ou não, que alguma vez tenha sido exibida nas salas de espectáculo em que se pensa, quando se fala da Broadway.
E as (boas) surpresas não acabaram aí. Terminado o espectáculo – que ainda teve uma componente lúdica inesperada: um soprano a recitar uma série de passagens escritas por malta que não tinha nada melhor para fazer que escrever sobre a união entre os homens, a harmonia com Deus e essas patacoadas todas, assim como quem canta o que vem escrito na lista telefónica – pergunto a um negro, dos seus 50s, com poucos dentes, muito cabelo e ar de pedinte, que estava à porta da igreja, se sabia onde ficava o clube de jazz que procurávamos ("EZ").
Um tipo que tinha acabado de cantar no coro de Gospel que vimos uns minutos antes.
Ele não sabia onde ficava esse clube, mas sabia onde ficava outro, o "Smoke" (onde ironicamente não se podia fumar...).
E quando começou a falar de jazz os olhos dele ficaram com o dobro do tamanho e parecia um puto a quem tinham dado uma "Playstation".
3 minutos, algumas alusões às origens da música e um cigarro depois estávamos a convidá-lo para vir connosco ao tal "Smoke".
E fomos.
E tivemos uma noite bestial, de jazz (não, ainda não foi desta que me rendi ao jazz – há algo naquela parafernália de notas tocadas aparentemente ao acaso que me despista) e de conversa com um tipo que vive na rua, a recolher latas para reciclagem, que vibra com jazz, conversa de política e História afro-americana como poucas pessoas, pergunta como é o plano de Saúde em Londres para depois o comparar com o que a Hillary Clinton está a tentar instituir por cá e que tem uma paz de espírito como nesta terra não existe.
O que surpreende ainda mais, por vir de quem vem.
Não cumprimos o plano inicial. Mas a noite correu muito melhor do que esperávamos.
Ele agradeceu-nos um sem-número de vezes por o termos levado àquele clube de jazz. Mas na realidade fomos nós que lhe ficámos a dever um serão fantástico.
Senhoras e senhores: este é Charles Kelly. Antigo professor. Auto-intitulado «o preto irlandês de St. Mary's Church». O avô, da parte da mãe, supostamente era português. É doido por jazz. Está de muito bem com a vida e invejavelmente em paz com o mundo. E tornou a nossa passagem por Nova Iorque muito melhor.
Aqui fica o nosso agradecimento e a "homenagem" possível, bué devida e muito sentida.
A Cristina já dorme mas eu tinha de escrever isto antes de me juntar a ela.
Espera-nos um dia comprido e que começará cedo amanhã. Se tudo correr bem, as próximas linhas sairão do Canadá [assim haja internet disponível :)].

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Nova Iorque para turistas - III


Dia 3: Quarta-feira, 19/Set/2007

A Cristina lança-se à batalha matinal por um lugar no duche. Prova superada. Cristina na conferência e as minhas virilhas estão melhores. Confiante, depois de a deixar lá, empreendo uma grande volta, de para aí 10 km a pé pela cidade, em busca de um computador portátil.
O primeiro preço razoável que obtenho é de 400 dólares, que foi regateado em meia-hora, depois de uma proposta inicial do vendedor (nitidamente uma criatura sem mãe, porque já a devia ter vendido há muito tempo...), de 600 dólares!
Parto em busca de melhor negócio.
Perto das 14h, com a bexiga a explodir e o estômago a implodir, paro p'ra comer uma fatia de pizza e aliviar a pressão interna. Aproveito a pausa para me sentar pela 1ª vez desde que saí do hotel lá pelas 9h.
2 horas e alguns quilómetros depois, encontro nova “pechincha”: 450 dólares por um computador um pouco melhor. Volto ao 1º vendedor e pergunto-lhe se consegue acompanhar a outra oferta.
Ele já não se lembra do nosso quase-negócio dessa manhã e começa tudo de novo. Depois de ter de regatear desde os 600 dólares que ele me torna a propor, acertamos os 450, já com impostos. Nessa altura e depois de já ter ouvido todo o tipo de argumentos, possíveis, impossíveis e quase imaginários, desisto de fazer negócio ali. É simplesmente demasiada aldrabice, demasiado absurda, demasiado junta.
Regresso ao hotel com os pés completamente desfeitos.
A chegar ao hotel, descubro que o caminho tinha sido selado pela Polícia com aquela fita amarela que se vê nos filmes, a dizer «N. Y. P. D. do not cross». Fazem-me ir dar a volta ao quarteirão para entrar no hotel. Pouco tempo depois de cá estar dentro, até a entrada para o hotel tinha sido selada. Começa-se a juntar montes de gente na rua.
Uma hora depois de estar no hotel, a Polícia retira as fitas amarelas, os carros e os agentes da rua e regressa tudo à normalidade. Ninguém se atirou de um prédio. Não houve explosões. Nem tiros. Nem perseguições policiais. Nem filmagens na rua. Sinto-me defraudado e continuo morto no primeiro meio-metro a contar do chão.
Às 18h20 vou ter com a Cristina ao sítio da conferência uns minutos depois da hora combinada. Não consigo dar com aquela porra à primeira tentativa (nem à 10ª, já que falamos nisso) e passo mais 45 minutos a andar às voltas (leia-se a arrastar-me por uma data de quarteirões) até a conseguir encontrar. Felizmente ela tinha saído bastante atrasada da conferência e não apanhou uma grandessíssima seca à minha espera.
Ela, farta da conferência mas cheia da compreensível vontade de "turismar" quer ir passear até Little Italy, Chinatown e à ponte de Brooklyn...
Com um humor de cão acedo e partimos para mais 3 horas de caminhada (ou seja, para aí mais 10 km no lombo) e 45 minutos de paragem num restaurante para comer um hamburger do tamanho de um alguidar. De repente, os 200 kg de gente com que amiúde nos cruzamos nas ruas começam a fazer todo o sentido.
Sou uma companhia deploravelmente intragável e a Cristina ganha o seu enésimo lugar no Céu desde que estamos juntos, por toda a má disposição que me atura durante o nosso passeio desta noite.
Os meus pés morrem pelo caminho, mas ressuscitam pouco tempo depois com bolhas. Arrastamo-nos de volta ao hotel, à velocidade a que as dores nos permitem, já que a meio do caminho também os pés da Cristina decidem protestar.
Rimo-nos que nem uns loucos da figura que fazemos a tentar andar e eu tenho mais uma vez a prova de que com a Cristina tudo fica melhor. Até o sofrimento físico.
Já não sinto as virilhas a arder. Desta vez são as nádegas que sofrem a erosão da caminhada. Novo duche (o 1º decente) e novo banho de creme hidratante, de perna aberta estilo matarrona selvaticamente violentada por uma dúzia de marinheiros romenos rebarbados.
É meia-noite. Passamos de fugida pela internet e adormecemos de exaustão.

Nova Iorque para turistas - II


Dia 2: Terça-feira, 18/Set/2007

O dia começou às 8h00 com a disputa pela casa-de-banho para o duche da manhã. Inesperadamente, não houve grande concorrência e o duche foi pacífico. Quer dizer, quase. Para que a água saia do duche e não da torneira mais baixa, para o banho de imersão, há um truque que só viríamos a descobrir no 3º dia cá. Os nossos primeiros duches foram tomados de cócoras, recolhendo água nas mãos juntas em forma de concha e salpicando-a para as costas e arredores.
Sentimo-nos ainda assim confiantes.
Conferência da Cristina. Descobrir a escola onde decorre. Deixá-la lá. Passear um bocado.
Descubro que os preços dos computadores portáteis por cá é bastante convidativo e começo a pensar em comprar um para o meu pai.
O barulho nas ruas é impressionante. E normalmente começa às 5 da manhã.
À hora do almoço busco refúgio dentro de uma megastore da Virgin, onde a música toca em altos berros. E mesmo assim, aquele parece um lugar tão sossegado...
Volto ao hotel, onde com o nosso computador portátil começo a ver e-mails «free riding» na internet sem fios de um vizinho qualquer que a tinha desprotegida.
A páginas tantas, o vizinho percebe que alguém anda a navegar à custa dele e começa a negar o acesso ao nosso computador. Tento algumas manobras de diversão, com pouco sucesso.
Desisto de o tentar aldrabar e dedico-me a trabalhar num relatório que tinha trazido para fazer cá. Quase meia frase depois, desisto de trabalhar e torno a ir para a rua.
Tento perceber onde posso ver o jogo do Benfica com o A. C. Milan, que cá começa às 14h45. Sem grande sucesso. Tirando o baseball e o futebol americano, todos os outros desportos são um grande desconhecido, para esta pouco ilustre rapaziada.
Vou almoçar a um restaurante aqui perto do hotel, que está repleto de plasmas nas paredes, a passar programas de desporto e jogos (futebol americano, claro).
A empregada pergunta-me com um grande sorriso plástico como me chamo e diz que se chama Tanya. Quando tento dizer-lhe que esse é um nome comum, em terras latinas, a colega dela até então calada e sossegada no canto dela, lança-me um olhar “fura-paredes” e responde que isso é um nome russo! A Tanya, chegada na véspera da Virginia, diz que recebeu esse nome porque havia uma cantora de música country de que os pais gostavam muito, chamada Tanya qualquer coisa e as duas concluem que afinal é um nome tipicamente americano... Deixo-as “ficar com a bicicleta”, eu queria mesmo era almoçar qualquer coisa e perceber se ali conseguia ver a bola.
A Tanya diz que até podia fazer um bocado de zapping para ver se descobria o jogo num canal qualquer, mas como só começou a trabalhar ali nesse dia, não sabe onde está o comando...
A colega, já recomposta, diz que um bar, na esquina da 10ª rua com a 3ª avenida, onde ela tinha estado na noite anterior, tinha uma data de écrans de TV a passar jogos de futebol.
Às 14h45 os plasmas do bar continuam a passar futebol americano e eu meto-me num táxi para o tal oásis do «soccer». Sou conduzido por um negro, nos seus cinquenta anos, que falava um dialecto com algumas semelhanças com o Inglês, mas que só ele compreendia. 90 % da conversa que ele teve durante o caminho só foi percebida por ele (ou talvez nem isso). Fui respondendo «yeah» quando achava que ele estava à espera que eu dissesse qualquer coisa. Resultou. Deixou-me no sítio certo, 15 minutos depois.
Casa cheia. 10 plasmas e um projector, a passar os jogos da Taça dos Campeões. Uma data de italianos em pé a falar à maneira deles, isto é, a gritar.
O jogo do Benfica só passa num dos plasmas e as imagens são recebidas por satélite. Chego aos 26 minutos da 1ª parte e o resultado já era de 2-0 para o Milão. A recepção do satélite era pior que má. Havia de 30 segundos a 1 minuto de recepção e depois de 3 a 10 minutos sem qualquer sinal.
Fui-me entretendo a ver o jogo do Chelsea (o jogo do Porto não estava a ser transmitido). Só vi o 2º golo do Milão, numa das repetições que fizeram quando o Inzaghi foi substituído.
Regresso ao hotel mais morto que vivo, porque estive o tempo todo de pé, além do que já tinha andado durante a manhã.
Entretanto a Cristina saiu da conferência e encontrámo-nos no hotel.
Vamos jantar com o grupo da conferência num sítio muito chic e pouco dado a cigarradas. A comida é boa e a companhia também. Depois do jantar, fomos passear um bocado.
Broadway. Times Square. Empire State Building.
A subida ao Empire State Building, orientada por quase um milhão de empregados com cara de frete teve alguma piada. A vista tem interesse pela imensidão do que se consegue ver lá de cima. O número de arranha-céus e luzes é exactamente o que se esperava: são para lá de bué! A visita é complementada por uma gravação de audio, em que um caramelo vai contando algumas histórias e descrevendo o cenário que se vê lá de cima.
Descemos novamente ao nível do solo e voltamos ao hotel. Neste passeio de 2 horas e meia, faz-se para aí 8 km a pé. Regressamos ao hotel com as minhas virilhas completamente assadas de tanto andar. Tomo banho ainda de cócoras e besunto-me com creme hidratante até quase desmaiar. Tentamos pôr-nos a par dos e-mails, tanto quanto o vizinho permite e adormecemos sem grandes euforias, mas com a esperança de que amanhã tudo será melhor.

Nova Iorque para turistas - I


Dia 1: Segunda-feira, 17/Set/2007


Vôo de 8 horas, desde Londres. Meio cigarro fumado à pressa nessa manhã, antes de entrar no aeroporto. Deu para ver o «Shrek 3» no avião e outro filme para "encher chouriços". Passo pelas brasas, para não pensar em cigarros e para me esquecer de que vou estar fechado num avião (odeio voar...) durante uma data de horas, sem me poder vingar no que resta dos pulmões.
Chegámos ao aeroporto pelas 16h locais (21h em terras de gente). Mais meio-cigarro fumado à pressa, enquanto a Cristina nos arranja transporte para o hotel.
Apanhamos um táxi colectivo [leia-se uma carrinha de 9 lugares, com mais 7 marmanjos(as)], conduzida por um espanhol que guiava estilo «bat out of hell» e que nos pôs no hotel em 20 minutos, depois de ter subvertido todas as regras do código da estrada e da cortesia entre condutores (confesso que quase ganhou o meu respeito por isso).
Mas depois pedimos-lhe um recibo pela viagem e veio com a desculpa «Ah e tal, acabaram-se agora mesmo, mas peçam aí no hotel que eles dão-vos o recibo». Perdeu completamente todos os pontos que tinha ganho com a condução desenfreada e tornei a pensar nele como um ser abjecto, por definição de espanhol.
Estamos hospedados no bairro de Chelsea, um belo dum par de quilómetros a Sul do Central Park, no sítio com os preços mais baratos que encontrámos, mas ainda assim demasiado exorbitantes para serem aqui reproduzidos.
Pousámos as malas no hotel (parece que o Andy Warhol era amigo cá da casa e há montes de quadros - de vários artistas - pendurados nas paredes dos corredores todos), fizemos a inspecção de rotina para saber onde era a casa-de-banho (partilhada com os demais 782.343.354 hóspedes deste andar) e fumámos a primeira cigarrada decente desse dia - felizmente, no nosso quarto podemos fumar. Viva a (quase) democracia! ;)
Saímos para jantar e entrámos no primeiro estaminé que encontrámos. Neste caso, um restaurante espanhol («El Quijote») que fica mesmo ao lado do hotel.
Servem-nos doses industriais de paella e frango com amêndoas (parecia um prato chinês, mas deixou-se comer sem grandes protestos). Ficou mais de metade da paella no tacho. Não houve espaço para sobremesas e fomos para a rua para poder esfumaçar (é proibido fumar em todos os bares e restaurantes de N. I.) e passear.
Fizemos algumas compras para o pequeno-almoço do dia seguinte (não temos pequeno-almoço no hotel), apreciámos a fauna local (predominantemente abichanada) e voltámos ao quarto de hotel, onde fizemos os possíveis por adormecer de forma porno-erótica.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Eu tenho uma nespresso

Hoje sonhei que viva num caixote do lixo, não trabalhava, tinha um cão cheio de pulgas como melhor amigo e todas as noites (pelo menos naquelas em que não estava no hospital a recuperar da minha bronquite crónica) adormecia a olhar para as estrelas. Era um homem feliz.
Quando acordei, fiz um café na minha nespresso, sentei-me no sofá vi um pouco da sic noticias. Tomei banho usando a minha esponja 100% natural e o meu gel de banho com alé vera. Decidi vestir um fato e usar gravata, gosto de me ver com gravata fico com um ar charmoso, e fui trabalhar. No final do mês vou estar muito feliz por receber um aumento e poder pagar o empréstimo da casa e ainda ter dinheiro para meu plasma de 42".
A minha mãe está feliz... ao 30 anos finalmente percebi o que custa a vida.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Le Tango Funèbre

Com a alegria que me enche a alma neste momento, quero partilhar convosco uma linda canção sobre enterro.

Le Tango Funèbre

Ah je les vois déjà
Me couvrant de baisers
Et s'arrachant mes mains
Et demandant tout bas
Est-ce que la mort s'en vient
Est-ce que la mort s'en va
Est-ce qu'il est encore chaud
Est-ce qu'il est déjà froid
Ils ouvrent mes armoires
Ils tâtent mes faïences
Ils fouillent mes tiroirs
Se régalant d'avance
De mes lettres d'amour
Enrubannées par deux
Qu'ils liront près du feu
En riant aux éclats
Ah Ah Ah Ah Ah Ah

Ah je les vois déjà
Compassés et frileux
Suivant comme des artistes
Mon costume de bois
Ils se poussent du cœur
Pour être le plus triste
Ils se poussent du bras
Pour être le premier
Z'ont amené des vieilles
Qui ne me connaissaient plus
Z'ont amené des enfants
Qui ne me connaissaient pas
Pensent aux prix des fleurs
Et trouvent indécent
De ne pas mourir au printemps
Quand on aime le lilas
Ah Ah Ah Ah Ah Ah

Ah je les vois déjà
Tous mes chers faux amis
Souriant sous le poids
Du devoir accompli
Ah je te vois déjà
Trop triste trop à l'aise
Protégeant sous le drap
Tes larmes lyonnaises
Tu ne sais même pas
Sortant de mon cimetière
Que tu entres en ton enfer
Quand s'accroche à ton bras
Le bras de ton quelconque
Le bras de ton dernier
Qui te fera pleurer
Bien autrement que moi
Ah Ah Ah Ah Ah Ah

Ah je me vois déjà
M'installant à jamais
Bien triste bien au froid
Dans mon champ d'osselets
Ah je me vois déjà
Je me vois tout au bout
De ce voyage-là
D'où l'on revient de tout
Je vois déjà tout ça
Et on a le brave culot
D'oser me demander
De ne plus boire que de l'eau
De ne plus trousser les filles
De mettre de l'argent de côté
D'aimer le filet de maquereau
Et de crier vive le roi
Ah Ah Ah Ah Ah Ah

Masturbação?

É muito provável que isto seja muito parecido com masturbação, mas aqui vai de qualquer forma.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Gin Tónico

Jim canta backdoor man, 3 rodelas de limão, 1 rodela de lima, gelo até à borda do copo. 50% de àgua tónica, 50% de gin, 1 twist de limão, nenhuma auto-estima com sabor a sal.

Vodka, Vodka, vinho maduro, Vodka, Vodka...
Gin Vómito.