sexta-feira, 26 de outubro de 2007

«Quem tem medo do lobo mau?»

Já há algum tempo que estas abéculas não nos brindavam com pérolas destas.

Passados quase 3 anos de ausência de notícias destas "aves raras", recebemos hoje cá no escritório esta magnífica carta. Por motivos óbvios a nossa morada foi substituída pela expressão «o potencial delinquente», mas acho que era isso mesmo que eles quereriam ter escrito, só que não tiveram coragem. Pronto, facilitei-lhes a tarefa...

A carta é toda ela fantástica: desde o layout até ao texto utilizado, as maiúsculas destacadas, enfim, um primor. Fico sem perceber se eles não têm pura e simplesmente a noção do ridículo, ou se afinal têm é bué sentido de humor...


Parece a publicidade rasca que recebemos do Reader's Digest ou de outra tanga qualquer, a dizer que acabámos de ganhar UM MILHÃO DE EUROS EM LIBRAS DE OURO e, que se respondermos no prazo de 8 dias, ainda recebemos UM MAGNÍFICO DESPERTADOR TOTALMENTE GRÁTIS!...

Mas o esplendor da comunicação não se fica por aqui: se formos ao site deles, somos brindados com uma parafernália de avisos e ameaças de tom e conteúdo idêntico, estilo esta página e temos até a possibilidade de fazer uma denúncia anónima. 'Tá visto que os tipos da PIDE eram uns autênticos amadores... É digno de visita. Não pela relevância, mas pela aberração de um design de fazer inveja à propaganda política do Hitler e inspirado em afirmações tipo "Gestapo do século XXI".

Sinceramente, não há pachorra para tanta anormalidade. As comunicações que anteriormente recebemos não eram melhores em termos de mensagem. Mas confesso que a apresentação agora tem muito mais impacto. Pela negativa...

Como devem imaginar, vamo-nos fartar de responder seja a que inquérito for desta fraca amostra de poder privado a brincar às organizações estatais. Eles que não mandem cá ao escritório uns lacaios directamente da Transilvânia, que não é preciso.

Pelo sim pelo não, vou comprar um molhinho de alho e uns crucifixos e pendurá-los atrás da porta de entrada... :)

Não queria concluir sem aqui deixar umas palavrinhas de reconhecimento pelo trabalho do Sr. Manuel F. R. Cerqueira: enquanto Presidente da Direcção da ASSOFT, está nitidamente mais habilitado a pastar caracóis, do que a escolher o (ir)responsável pela Área de Comunicação. As minhas sentidas condolências. E já agora, R(ot) I(n) P(eace), depressa por favor...

7 comentários:

Tininha disse...

Parecem os gajos aqui com a licenca da televisao - todos sao culpados ate provarem o contrario... Mas esses chegam mesmo a aparecer la em casa e ficam muito perturbados por haver criaturas neste mundo que prefiram nao passar o serao a estupidificar a olhar para uma televisao...

Stones disse...

Da mesma forma que estes atrasados mentais se irão sentir certamente "defraudados" (sempre são menos umas coroas que entram nos cofres do Estado, quanto mais não seja na forma de I. V. A.) quando perceberem que maioritariamente utilizamos software open source, que faz mais, melhor e gratuitamente, o que os programas da Microsoft fazem por autênticas e injustificadas exorbitâncias...

Até em termos de sistema operativo e dada a fiabilidade e a facilidade de utilização das várias distribuições disponíveis gratuitamente de Linux, não deve faltar assim tanto como tudo isso para a Microsoft perder muito do monopólio que tem vindo a acumular ao longo dos anos, em troca de programas pouco robustos, plenos de vulnerabilidades e, ainda por cima, descaradamente "plagiados" da Apple.

Costuma-se dizer que «Deus-nosso(?)-Senhor descansa, mas não dorme» e é por isso que há cada vez mais programadores de software livre «a escrever direito, por linhas tortas» ;)

Desculpa lá Bill Gates a perda de lucros, desculpa lá ASSOFT vires cá perder tempo e desculpa lá "amigo" Estado, mas daqui não levas senão o estritamente essencial (e mesmo o que vai, vai de MUITO má vontade)!...

Pedro Duro disse...

2 pontos:

- Ainda nao vi nenhum comentário do ridiculo do nome da associação ASSOFT. Acho brilhante começar por ASS, combinando com OFT, ou seja rabo frequente...

- Se por exemplo eu escreve-se um livro nao o iria querer ver reproduzido sem mais nem menos por todo o lado sem ao menos ser consultado para isso.

Stones disse...

Concordo com o princípio, mas: se tu escrevesses livros cheios de erros, a um preço absurdo e mais a mais plagiados, não devias ter muita clientela, pois não?

A menos que fizesses acordos com as editoras, para apenas venderem livros teus. Depois tornavas-te o principal autor de livros e criavas um monopólio do sector da literatura.

Sim, na tal "realidade virtual" a coisa é engraçada e muito proveitosa. Para o "leitor" comum porém, não é uma situação muito sustentável durante muito tempo.

Daí que cada vez, mais "leitores" optem por outro tipo de "publicações", sobretudo se forem tão ou mais fiáveis e ainda por cima gratuitas.

Em relação à ASSOFT, é o "Cobrador de Fraque", com maneirismos de PIDE wannabe, a tentar reaver o dinheiro que o Estado devia receber com a venda de software e não recebe quando este é pirateado. O pretexto dos "direitos de autor e de propriedade intelectual" são a fachada hipócrita.

Por outro lado, é mais que sabido que a própria Microsoft nunca se preocupou muito com a piratização dos seus programas, sobretudo os sistemas operativos, porque a partir do momento em que a malta tem computadores baseados em ambiente Windows é para estes ambientes que se desenvolvem e vendem os respectivos aplicativos. E garante-se, de uma forma bué perversa contudo eficaz, o monopólio das plataformas usadas, em benefício do Bill Gates & friends.

Não achas absurdo que o Bill Gates tenha cá vindo há cerca de 2-3 anos assinar um protocolo milionário com o Estado português para a utilização de software da Microsoft e poucos meses depois o mesmo Estado tenha andado a instalar software de código aberto na função pública? E que ainda hoje ande a fazê-lo (Ministério das Finanças, por exemplo)?

Já para não dizer que a espécie de "Caça às Bruxas" que eles estão a tentar levar a cabo, com estas "Notificações Sumárias" e as hipóteses de denúncia anónima, já foi feita antes e muito melhor, no outro lado do Atlântico. E acabou por cair no ridículo, que é para onde esta caminha, a passos largos...

Acho absurdo e vergonhoso este tipo de postura, estilo intimação terrorista, que a meu ver acaba por simplesmente desacreditar as duas instituições (Estado e "Cobrador de Fraque"), em vez de promover a legalização dos programas informáticos utilizados nas empresas...

Mas isto pode ser só o meu espírito "comunista de trazer por casa" associado ao vício [ou paixão ;)] de sacar coisas da net a falar...

Pedro Duro disse...

Isso pode ser tudo verdade, mas tens outro exemplo, tipo usar-se musicas conhecidas em anuncios sem a autorização dos musicos...

A questão é simples.

Se todos pagarmos o que devemos, todos pagamos menos.

Por aqueles que nao pagam, pagam os honestos.

Stones disse...

A questão não é pagarmos ou não pagarmos, porque a essa questão a resposta é simples e, acho que unânime: se se usa o software, paga-se por ele ou procura-se alternativas gratuitas. Pelo menos a nível empresarial, em que a fiscalização é mais provável e tem consequências mais difíceis de ultrapassar (sim, eu pirata informático a nível doméstico me confesso).

O que motivou este post, foi:

--> a postura da ASSOFT;
--> as incongruências em torno desta "Cruzada" em defesa do Estado e da Microsoft, quando nenhuma destas entidades tem - a meu ver - legitimidade para se socorrer destas abordagens estilo "Inquisição dos Megabytes"...


Só isso.

Pedro Duro disse...

É a PIDE informática.

São todos uns ASS...