Bem amigos, acho que temos o blog em contagem decrescente.
Depois da vulgar "tusa do mijo" onde no primeiro mês fizemos 3 milhoes de posts, a cadencia é diminuir a toda a velocidade.
Temo pela saúde do nosso berloque tão giro...
Aliás, temo pela saúde da população mundial se se continuar a assistir ao desenterrar de porcarias como as Spice Girls ou os Take That, que deveriam estar bem cremados...
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
O acompanhamento solitário
Eu gosto de comer, é uma das poucas coisas que eu posso dizer com toda a sinceridade que gosto de fazer, as outras são: beber (especialmente bebidas de alto teor alcoólico), fumar e ter relações sexuais com alguém que saiba ter relações sexuais.
Quase tão complicado como encontrar alguém que seja mestre nas artes do amor prático é sem duvida alguma encontrar alguém que nos faça um bom jantar. É bem verdade que ninguém é criado de ninguém e se alguém quer alguma coisa é melhor fazê-la do que esperar por uma qualquer alma caridosa se decida a cozinhar para nós. Se isso é verdade na maior parte dos casos não se aplica quando somos convidados para jantar em casa de alguém.
Eu sou português, nasci no Pragal que é um aldeia em Almada (um subúrbio de Lisboa). Aprendi a comer com os cozinhados da minha mãe (ela não gosta de cozinhar e repete sempre as poucas receitas que aprendeu com a minha avó), isso não é nada de extraordinário, penso que quase toda a gente aprendeu a comer com os cozinhados da sua mãe, o que é de facto extraordinário é forma como isso condiciona o nosso paladar ou se preferirem o nosso gosto.
Eu gosto dos telas de oxidação do Warhol, das enormes pinturas do Jackson Polock mas pensando nelas como comida... eu preferia comer um girasol do Van Gogh. Acordo ao som de Vena Cava da Diamanda Galas, bebo Bushmills enquanto oiço John Zorn mas enquanto janto gosto de ter bem baixinho a voz do Carlos do Carmo.
Ontem aconteceu, não é a primeira vez, nem muito menos a ultima, comer arroz do Nusrat Fateh Ali Khan e acompanhado por cogumelos do Syd Barret, como devem compreender o meu paladar, o meu delicado sentido de gosto, a minha sensibilidade quase feminina ressentiu-se disso.
Se arroz de (ou com) cogumelos não é algo que à partida de cause grande confusão, a coisa começa a complicar quando o que surge no prato é apenas e só arroz com cogumelos, por um segundo pensei que fosse piada... tinha visto umas salsichas no frigorífico, ninguém serve apenas acompanhamento... - os cogumelos que acompanhavam o meu arroz eram todos diferentes uns dos outros mas nenhum era parecido com o cogumelo da Alice, as portas do país dos maravilhosos sabores estavam fechadas para mim - excepto algumas pessoas que gostam da comida moderna ou em alternativa, muita vezes preferível, comida de países onde as pessoas não têm nada para comer. Provo arroz, já com medo dos sabores que esperam, a garfada de lasanha de atum à alguns meses comi por engano, o sabor é original: nunca tinha comida nada com o sabor e a consistência de terra e a primeira garfada é suportável, a ultima dá-me a sensação que vou vomitar, sou salvo pelo digestivo.
(...continua...)
Quase tão complicado como encontrar alguém que seja mestre nas artes do amor prático é sem duvida alguma encontrar alguém que nos faça um bom jantar. É bem verdade que ninguém é criado de ninguém e se alguém quer alguma coisa é melhor fazê-la do que esperar por uma qualquer alma caridosa se decida a cozinhar para nós. Se isso é verdade na maior parte dos casos não se aplica quando somos convidados para jantar em casa de alguém.
Eu sou português, nasci no Pragal que é um aldeia em Almada (um subúrbio de Lisboa). Aprendi a comer com os cozinhados da minha mãe (ela não gosta de cozinhar e repete sempre as poucas receitas que aprendeu com a minha avó), isso não é nada de extraordinário, penso que quase toda a gente aprendeu a comer com os cozinhados da sua mãe, o que é de facto extraordinário é forma como isso condiciona o nosso paladar ou se preferirem o nosso gosto.
Eu gosto dos telas de oxidação do Warhol, das enormes pinturas do Jackson Polock mas pensando nelas como comida... eu preferia comer um girasol do Van Gogh. Acordo ao som de Vena Cava da Diamanda Galas, bebo Bushmills enquanto oiço John Zorn mas enquanto janto gosto de ter bem baixinho a voz do Carlos do Carmo.
Ontem aconteceu, não é a primeira vez, nem muito menos a ultima, comer arroz do Nusrat Fateh Ali Khan e acompanhado por cogumelos do Syd Barret, como devem compreender o meu paladar, o meu delicado sentido de gosto, a minha sensibilidade quase feminina ressentiu-se disso.
Se arroz de (ou com) cogumelos não é algo que à partida de cause grande confusão, a coisa começa a complicar quando o que surge no prato é apenas e só arroz com cogumelos, por um segundo pensei que fosse piada... tinha visto umas salsichas no frigorífico, ninguém serve apenas acompanhamento... - os cogumelos que acompanhavam o meu arroz eram todos diferentes uns dos outros mas nenhum era parecido com o cogumelo da Alice, as portas do país dos maravilhosos sabores estavam fechadas para mim - excepto algumas pessoas que gostam da comida moderna ou em alternativa, muita vezes preferível, comida de países onde as pessoas não têm nada para comer. Provo arroz, já com medo dos sabores que esperam, a garfada de lasanha de atum à alguns meses comi por engano, o sabor é original: nunca tinha comida nada com o sabor e a consistência de terra e a primeira garfada é suportável, a ultima dá-me a sensação que vou vomitar, sou salvo pelo digestivo.
(...continua...)