Há bocado dei por mim a fazer uma retrospectiva do que tem sido a minha vida, em termos sentimentais / familiares / profissionais / ideológicos / afins.
Sou o mesmo luminófobo que sempre me considerei mas acordo mais cedo.
Durmo o mesmo mas divirto-me menos.
Continuo a gostar de ajudar outras pessoas mas custa-me cada vez mais pedir ajuda para mim próprio.
Se tivesse de "ir para a guerra" com alguém, acho que o nº de "companheiros de armas" que eu escolheria se contam pelos dedos das mãos (e acho que sobrariam dedos).
Ainda não aprendi a sorrir para pessoas cuja conduta eu desaprovo, o que é uma chatice porque eu até gosto de me rir mas ou é impressão minha ou acho que a mediocridade é de índole "viral": instala-se, estraga tudo à volta e espalha-se a uma velocidade vertiginosa. Resultados práticos: cada vez sorrio menos para pessoas e gosto mais de mamíferos quadrúpedes.
Como mais, como melhor, enervo-me mais, faço menos desporto e no entanto estou em excelente condição física (há muito tempo que não gostava de me ver ao espelho como agora). As rugas ainda não começaram a marcar presença; suporto cargas pesadas, faço flexões e elevações com relativa facilidade e tudo isto leva-me a concluir que a minha dieta de whiskey e cigarros parece funcionar na perfeição.
Contudo, se é verdade que já houve tempos em que não tendo medo de praticamente nada eu tinha quase tudo o que queria na vida, o certo é que hoje em dia tenho muito pouco do que queria para mim e cada vez mais medo de tanta coisa...
Aprendi a viver com a(lguma) incerteza. A aceitar as crises de ansiedade (acho que as vou vencendo pelo cansaço). A adormecer no sofá, com gatos a ronronar em cima de mim, e a apreciar os serões passados a viajar entre músicas, filmes e pensamentos dispersos.
Ainda não aprendi a viver com mentiras, difamações e argumentos mesquinhos. E já agora: não tenho vontade nenhuma de o fazer.
Moral da história: estou cada vez mais parvo mas simultaneamente mais orgulhoso do que me tornei. Como cantava o Fernando Tordo:
«Não entendi a maior parte dos amores, só percebi que alguns deixaram muitas dores (...) Escolher-me a mim pensei que isso era vaidade mas já passou, não sou melhor mas sou verdade»...
E durmo todas as noites de consciência tranquila, o que é motherfucking B-E-S-T-I-A-L!!! ;)
... durante 2 horas, num espaço beyond exíguo e com montes de sucesso!!! E por ridículo que pareça, senti-me «on top of the world».
Aqui ficam os my 2 cents, sobre o caminho para a felicidade, para além de ter passado as 2 últimas semanas a tentar fazer com que a vida e o local de emprego fossem sítios melhores para alguém que se sentia completamente em baixo de forma, com bastante sucesso I must add...
... o meu salário é tão baixo, que nem "Retenções na Fonte" faço e logo, apesar de (sem qualquer tipo de "batotas fiscais") ter declarado ter recebido na totalidade do ano de 2009 cerca de 500€ (menos de 42€ / mês de "lucro") acima dos meus encargos no mesmo ano, não vou receber porra nenhuma de retorno em termos de IRS.
Não é fantástico?!... Obrigadinho Sócrates (o mentiroso, não o Filósofo) e restantes (des)governantes. «Porreiro, pá!»
Eu sei que "falo de boca cheia", mas o que é certo é que até em termos fiscais / monetários, «a necessidade é (obviamente) maior do que a moral».